Fofa - 2000/2015
Saí para beber um copo. Alguém tinha abandonado uma bolinha de pêlo cinzento muito pequena à porta do bar. Deixou lá um saquinho de comida para ela não se afastar dali. Trouxe-a comigo para casa, viveu connosco 15 anos. As brincadeiras, tropelias e, também dramas, dão para escrever um livro. Vivíamos num quinto andar, caiu da varanda, para chão de cimento. Partiu-se toda. Fomos prego a fundo para o vet mais próximo, tal como estava em casa: de chinelos cuecas e t-shirt (entretanto toda manchada de sangue). Pata da frente, fractura exposta, pata de trás, fractura exposta, céu da boca fendido, sangue por todo o lado. O vet compôs o descalabro mas aconselhou abater. Recusamos. Fomos a outro vet, amputou uma pata, comigo a servir de assistente à cirurgia. Foi ele próprio que sugeriu, considerando o quadro clínico, eu estar presente evitava ainda mais stress ao animal, tudo contava. Correu bem. Eu e a minha mulher metemos todos os dias de férias que tínhamos e, desfasados, passámos 2 meses em casa a cuidar dela. Sobreviveu, recuperou e, ninguém diria que tinha uma pata a menos. Acabou por morrer de falência renal 12 anos depois. Ainda hoje, apesar de mais de 100km de distância, quando preciso, é a esse vet que telefono em primeiro lugar e, cumpro religiosamente tudo o que ele disser. Saudades da Fofa, um exemplo de amor e cumplicidade como nunca vi.
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