17/03/2024

Electric decay

Fotografia de Paisagem, Série Urbana
(Torres Vedras)


 

Knot

Fotografia Experimental, Série Experimental
(Foz do Arelho)


 

12/03/2024

All the colors of my heart

Fotografia de Rua, Série Urbana
(Torres Vedras)


 

O importante é ter saúde

Fotografia Experimental, Série Experimental
(Torres Vedras)






 

06/03/2024

Morbid visions

Há uns dias, estava a jantar num restaurante, numa terra que não era a minha, entre pessoas totalmente desconhecidas. Enquanto comia ouvia as conversas alheias. A dada altura, o tema de uma delas trouxe-me à memória uma anedota já antiga, como são todas, acho. Precisei de ir à casa de banho, no caminho, abordei aquele grupo de desconhecidos, contei a anedota e segui sem esperar pela reacção. Atrás de mim, após um segundo hesitante de silêncio, ouviram-se gargalhadas sonoras. Quando regressei à mesa ainda se riam a bom rir.

A minha memória tem uma particularidade rara para certos temas. Ao ouvir um disco, recordo-me perfeitamente de quem me o deu a conhecer ou, quem me apresentou aquele grupo. Todos. Sempre. A mesma coisa acontece com algumas anedotas, embora não todas e nem sempre. Recordo-me perfeitamente quem me contou esta. Amigo, companheiro, sempre bem disposto, extremamente educado, cavalheiro com os homens galante com as senhoras. Uma daquelas pessoas que sentia a necessidade de quebrar o gelo, pondo toda a gente a sorrir, no mínimo. É curioso como a anedota que ele me contou e perdurou na minha memória, fez exactamente a mesma coisa que ele fazia. Quebrou gelo, aproximou desconhecidos. Infelizmente, é amigo já ido.

No encadeamento de pensamentos, também por uma coincidência improvável ocorrida num trabalho em mãos, acabei por passar algum tempo a recordar amigos já idos. Pela ordem natural das coisas, morte na proximidade, acontece primeiro no meio familiar, com avós ou bisavós, os mais idosos. No meio social extra familiar, só deveria começar a acontecer a partir de uma certa idade. Não foi essa a minha experiência. Doença, acidente, excessos, suicídio. Com pessoas mais ou menos próximas dentro do círculo social, antes dos vinte anos já tinha a caderneta preenchida.

Filosoficamente, é assim que se conquista a eternidade. Na memória de terceiros. Eu recordo pelas anedotas, pelos discos, outros devem recordar por outros motivos, até menos positivos. Juntando todos os fragmentos, será possível obter um vislumbre do indivíduo. 

Aprecio humor negro. Não tanto que possa considerar-me mórbido. Mas, se calhar, em algum momento da vida, fui. Eventualmente, alguém pode ter testemunhado esse momento. Alguém pode recordar-se de mim por isso, por esse fragmento. Uma anedota ou um disco seriam preferíveis. Não tenho poder de decisão sobre a impressão que deixo na memória de terceiros. A minha eternidade não depende de mim. Que bom, menos uma preocupação.