08/07/2024

Housebroken

A pedopsiquiatria é uma ciência recente. Não se pode afirmar que haja um antes e um depois, porque, na realidade, pouco mudou na metodologia de formação de um novo ser humano, com ou sem pedopsiquiatria. Esta (cronologicamente nova) área do conhecimento, ainda precisa de se afirmar por si. Hoje, é frequente ser arremessada entre o folclore new age e a ciência religiosa. Uma bipolaridade à qual o objecto arremessado fornece explicação. Curioso.

O que se faz, em que quantidade e, altura em que se faz, ou não, são preponderantes na formação do carácter do indivíduo.

Todo este conhecimento é para inglês ver. Continua-se a usar a metodologia milenar, idêntica à educação de um cão de guarda. Afectos, poucos ou nenhuns, para o animal desenvolver uma agressividade desejável. Controlável posteriormente mediante repressão, recompensa, ou chantagem. Alimento suficiente para ser fisicamente saudável, mas nunca completamente saciado, para desenvolver uma atitude competitiva e ter os instintos aguçados. Socialização preferencialmente nula, para inibir a formação de laços com outros indivíduos, da mesma espécie ou não. Sublinhando o conceito de: cada indivíduo uma ilha. O isolamento ajuda a implantar a mentalidade de dependência do tratador, a par de submissão vitalícia à prova de revolta.

Assim se vai formando geração de sociopatas narcisistas atrás de geração de sociopatas narcisistas. Humanos amestrados.

Nos primeiros convívios sociais, são bullies. Ora via violência física, ora via abuso psicológico. Manipuladores natos, via falsa subserviência e adulação calculada a todos os indivíduos em posição de poder, ou percepcionados como tal. Vencedores à força, tenham ou não competências, invariavelmente ganham por subterfúgios, sem mérito. E acham-se melhores por isso.

Emocionalmente aleijadinhos, deficientes afectivos, primam por impor aos outros, mais equilibrados, a ideia que, os outros é que são desadequados, anormais, atrasadinhos, otários. Trauma, condicionamento, manipulação, são as únicas relações que conhecem. Tipicamente, para eles o sexo é meramente transacional, um toma lá dá cá, ou, usado como instrumento de manipulação. A prateleira repleta de troféus nunca é interpretada como libertinagem, mas sim uma sucessão de vitórias. O casamento, a família, os filhos, os bens materiais, são fachada. Adereços para simular normalidade e integração social. Na verdade, nunca se vinculam a nada. A superioridade financeira é um must. Vivem na ilusão que, o patamar económico abre as portas do patamar social, apesar da vida já lhes ter demonstrado repetidamente não ser assim. Reles mas rico, vale sempre mais que, bem formado mas pobre, pensam. Preferem vitimizar-se perante as portas fechadas, a reconhecer algum erro na sua lógica.

O recurso frequente à mentira, á perfeição de uma realidade ficcionada apregoada aos sete ventos, o ego inflado, a necessidade absoluta de protagonismo, mesmo em situações neutras onde é totalmente descabida a diferenciação, são impulsionados a dar nas vistas, nem que seja pela negativa. Orgulhosamente, exibem nódoas por medalhas. Acham que, ninguém nota, ninguém vê, ninguém repara, ninguém percebe, os seus comportamentos abjectos. É comum mudarem com frequência de amigos. Pudera.

Tudo isto esconde um ego frágil, incapaz de lidar com a derrota. Ciente da mediocridade mas incapaz de ganhar maturidade e crescer, evoluir.

Tudo isto será caprichosamente passado à geração seguinte.

Tudo isto seria evitável.

Bastaria afectos na quantidade certa, na altura certa. Segundo a pedopsiquiatria, mais saudável. É desnecessário a engenharia social.

Daí, eu preferir gatos.

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