Imagine-se dois fulanos, sócios de uma empresa com 50% de quota cada um. O fulano A, investe oito horas de trabalho diariamente. O fulano B, apenas quatro. O fulano A apercebe-se que o sócio está a investir apenas metade do esforço que ele próprio investe e, fica incomodado com o desequilíbrio.
Quando confrontado com a situação, o fulano B responde que as suas competências e capacidades são muito superiores à do fulano A, por isso, consegue produzir a mesma coisa que o fulano A em metade do tempo. Daí só estar a trabalhar quatro horas diárias.
O fulano A reconhece as competências e capacidades ao fulano B e, argumenta acerca do hipotético crescimento que a empresa poderia alcançar se o fulano B investisse o mesmo esforço que ele, fazendo uso de todas as tais capacidades superiores durante as oito horas.
Perante a lógica evidente na argumentação, o fulano B, propõe para que tal aconteça, seja feita uma divisão de quotas diferente dos actuais 50% a cada um, de modo a reflectir de forma mais justa a produtividade de cada uma das partes.
Chegando a este ponto, haver acordo ou não torna-se irrelevante. Um ponto de vista defende a dedicação, o outro a competência. Ambos são necessários para o sucesso. Não podem nem devem ser separados, ou valorizados de forma distinta. Some-se a agravante de o conflito ter tornado o ambiente na empresa, tóxico.
Quando se foca exclusivamente a atenção nos resultados, desprezando o percurso para os atingir, é o princípio do fim. Dedicação sem competência e competência sem dedicação, valem zero. Independentemente da satisfação dos acionistas.
Estudos académicos acerca da orgânica corporativa, apontam para uma maior coesão e eficácia do todo, quando os elementos que o compõem exibem um misto imperfeito, por oposição a uma competência clínica, asséptica. O factor que faz a diferença é o factor humano: a confiança.
Uma estrutura imperfeita, onde todos confiam em todos, é mais eficiente que uma estrutura perfeita, onde ninguém confia em ninguém.
A tarifa do táxi é a mesma, quer o condutor seja um cidadão comum, quer seja um piloto de automóveis. Ir do ponto A ao ponto B cumprindo um prazo de tempo pré definido, revela capacidade de planeamento, execução, conhecimento. A destreza necessária para abreviar quinze minutos à viagem, traduz-se em quinze minutos de espera no destino. Úteis apenas para acalmar os nervos, limpar o suor da testa, enquanto se fuma compulsivamente cigarro atrás de cigarro, para tirar o cheiro a gasolina e borracha queimada do nariz.
A confiança é a condição que decide. Quando precisamos, a que médico vamos? Ao que confiamos, ou ao que tem mais diplomas? (Não se trata de confiança cega. Se confiamos é porque já deu provas para o merecer). Quando nos enganamos no PIN, corrigimos só o dígito errado, ou apagamos tudo e começamos de novo? A confiança é a condição que decide.
A eficiência é consequência de abraçar a imperfeição e integrá-la no todo. Faz parte. O todo sabe perfeitamente onde está a imperfeição e como se comporta, ajusta o que está à volta e funciona com ela.
Quando a máquina da perfeição produz uma asneira, o todo, fica obrigado a rever detalhadamente os componentes e processos da máquina da perfeição, tentando descobrir como foi possível ter acontecido tal coisa. Deixa de produzir para ficar exclusivamente concentrado a rever o seu umbigo. Embora o mais comum seja, continuar a produzir consecutivamente asneiras, enquanto o todo contempla em deslumbramento a perfeição da máquina. Contas feitas, o que é produzido ser asneira ou não, resume-se a interpretação condicionada por ponto de vista. Relativizemos a asneira, porque a perfeição é um absoluto, digno de ser visto.
Pena é, o senso comum só se tornar evidente na análise forense.
PS - imagine-se dois fulanos numa banda. Imagine-se dois fulanos numa relação. Imagine-se dois fulanos numa equipe. Imagine-se que todo o macaco teria a capacidade de extrapolar.
Excelente!!
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