09/10/2022

500

Esta é a publicação número 500 do Mortalhas e Lume.

Pelo número redondo, decidi assinalar. Quinhentas publicações num misto de textos e fotos, somaram à data, catorze mil visualizações. Não que seja importante, nunca foi o objectivo deste blog obter popularidade. Desde o seu início que é assumida a unidirecionalidade. Destinado exclusivamente a output e não à interação ou convívio. Mantem-se assim. Um mero expediente para registo de texto e fotografia, sem pretensões a vedetismos e/ou discussão de ideias. Quem visita é livre de comentar com a sua opinião, mas sem expectativas de influenciar os conteúdos ou linha editorial.

Já abordei noutros textos a migração de atenção do internauta para as redes sociais remetendo ao irrelevante os blogs. Quem procura o tal vedetismo, ou tem uma imagem a vender, prefere o consumo rápido em scroll automático e indiferente. A quantidade de "likes" na realidade não quer dizer nada, porque, a grande maioria deles são reacções compulsivas. Olhou, mas não viu, bota "like". Leu o título, mas não o artigo, bota "like". Não quero saber, mas sou amigo do gajo, bota "like". Até leu, mas no fim de ler prosseguiu no scroll frenético e esqueceu-se de botar "like". O "like" não traduz rigorosamente nada.

A série de textos que publiquei no Mortalhas e Lume em Março deste ano, intitulada Uma Breve História dos Nossos Gatos, foi originalmente escrita para, e publicada no, Facebook. O somatório dos "likes" dessas pequenas quatro histórias, atingiu mais ou menos o mesmo número de visualizações das quinhentas publicações do Mortalhas e Lume, catorze mil. Este é o termo de comparação que ilustra as tendências de mercado. Infelizmente, o internauta não percebe que o scroll compulsivo e o "like" automático substituíram o consumo e degustação reflexiva que a cultura proporciona. Enganado, prefere o mastiga e deita fora. Embora fique convencido que está mais rico, conhece mais coisas, ficou mais culto. Este é o perigo do engano das redes sociais.

Longe vão os tempos em que perdia tempo a doutrinar e a tentar chamar à razão estes zombies. Estou demasiado velho, e sensato, para enveredar por esse caminho. Desisti. São adultos, cada um sabe de si. Sejam felizes. E não há maior felicidade que a da ignorância.

Estar sujeito à censura do operador da rede social, também incomoda. Os conteúdos estão sujeitos a um escrutínio automatizado indiferente à expressão artística, obedecendo a parâmetros puritanos risíveis e anacrónicos. Agradeço a liberdade de expressão nos blogs (e também na imprensa regional onde colaboro) que (ainda) vão permitindo a expressão libertária da voz discordante ou dissonante da maioria embotada pela toxicidade dos meios de comunicação mainstream.

Haja saúde, tempo e vontade, para mais quinhentas.

Obrigado a quem visitou e visita.





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