Este blog foi iniciado em 2008. Destinava-se a servir o propósito de escape criativo, apenas. Sem pretensões a audiências elevadas, a ser popular. Os conteúdos, textos, fotos, desenhos, pinturas, arte digital, são todos originais, exceto duas ou três imagens comerciais usadas como mote para um qualquer devaneio no âmbito da crítica social. O tempo passou, as modas virtuais mudaram e o Facebook veio monopolizar a existência digital do mortal comum. Chegando a um ponto onde “aceder á Internet” é tido como sinónimo de “ir ao Facebook”. Instaurou-se uma ditadura de hábitos. Tão redutor como soa, ou mais, essa ditadura de hábitos cobrou aos blogs, fóruns, sites de autor, uma fatura caríssima. O hábito da leitura, já sobejamente fraco, levou uma machadada, quanto a mim irrecuperável, com a imposição insidiosa dos títulos chamativos em scroll frenético, dos mémes, das piadolas fáceis, das fotografias olhadas mas não vistas, vistas mas não apreciadas, tudo numa cadência ultra rápida, absurda, de consumo imediato descartável. A cultura da imbecilização disfarçada de conhecimento, para que tantos alertavam, confirmou-se. Também eu e este blog, caímos vítimas dessa existência frívola, inútil. Nesse mundo fechado e exíguo, atualmente, basta uma denúncia anónima e o utilizador é castigado, suspenso, banido. Mesmo que se venha a provar inocência posteriormente, o castigo é aplicado de imediato. Censura a conteúdos é vulgar. Qualquer expressão artística que não passa ao crivo, leva com o lápis azul, quem a partilhou, idem. Nudez, vernáculo, violência, linguagem ofensiva, são terminantemente proibidos. A rede social transformou-se num parque de diversões fechado, com câmaras de vigilância, climatizado, esterilizado. Um espaço para betinhos sensíveis cuja maturidade não permite ver um par de mamas ou uma pila sem soltar risinhos infantis ou ruborescer em escândalo. Ler uma caralhada e classificar de mal educado, chunga, quem a escreveu, como se palavras concedessem estatuto social a quem as profere. Capas de discos, pinturas, textos, poemas, são analisados e julgados por um qualquer algoritmo, cego, alheio a contexto.
Chegados a este ponto, fazia todo o sentido reativar o Mortalhas e Lume. Tanto pela função terapêutica na sua génese, como pela redução de horas nas redes sociais. O escape para a sanidade voltou a ser preciso e, cá estou. A abrir a válvula de escape. Continuarei a ir ao Facebook ver as vidas perfeitas que os outros utilizadores apregoam mas, pontualmente. Todos os conteúdos originais, as minhas produções, serão doravante partilhados a partir dos blogs e sites de autor. Não voltarei a publicar diretamente em redes sociais. Saudação de boas vindas aos novos voyeurs, aos antigos seguidores, a todo o macaco bípede que aspire a mais que isso.
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